sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Saudade.²

Ela é mesmo como fome, só se mata quando se come a presença.
É, acreditem. Comprovei esses tempos aí.
Banquetear-se com a presença de alguém que por muito ficou longe é muito bom!
Ou até quando é você quem fica longe: aí você come até ter que abrir o botão da calça, ou tomar um daqueles remédios pra gordo que come demais e passa mal.

Mas e quando não se tem mais a presença pra matar a fome de saudade?
Aí fo-deu.
Você faz uma dieta forçada. Passa a se alimentar apenas de fotos, objetos, lembranças e histórias...
E como toda dieta, no começo sempre é muito difícil. A gente acha que não vai aguentar, que não tem força de vontade suficiente, que quer mesmo é voltar a comer aquela presença até empanturrar!
Mas não tem como, pararam de vender aquela comida que você gostava tanto, ou faz mal pro seu coração, ou simplesmente não existe mais.
E nesse hora que a saudade é o revés do parto, é arrumar o quarto de um filho que já morreu...
Mas nesses casos, aquela fisgada no membro que já se perdeu aos poucos vira uma rotina, torna-se algo chato e aprende-se a conviver com a ausência.

Preferível (e questionável!) esta do que aquela, que, acompanhada da expectativa do banquete, dói latejada!

(8)"... é prego, parafuso. Quanto mais aperta, tanto mais difícil arrancar... "

2 comentários:

Carlos disse...

pois é, rapazinho.
outro sentimento angustiante é a falta que se sente daquilo que ainda sequer foi vivido...

Carlos disse...

E geralmente abre-se o botão da calça antes de comer.